No antepenúltimo dia de campanha eleitoral, João Ferreira rumou a Norte, ao distrito de Aveiro, para insistir em questões que já abordou nos cerca de três meses que leva a percorrer o País, e que, nenhum outro candidato parece ter feito questão de trazer à ribalta nas presidenciais.
Assim tem sido a campanha de João Ferreira – com os pés assentes na terra. Por isso não é de estranhar que tenha começado a jornada desta quarta-feira numa exploração agrícola na Gafanha da Boa Hora, em Vagos.
O anfitrião é daqueles pequenos produtores que teima em não abandonar a produção de géneros essenciais à nossa mesa. Mas apesar daquilo a que se dedicou uma vida inteira ter ganho relevância no actual contexto pandémico, a verdade é que as dificuldades com que se debate são as mesmas de há anos, nalguns aspectos agravadas: retribuição miserável para os produtores e dificuldades de escoamento colocadas por uma grande distribuição de contornos vampíricos, ausência de incentivos públicos ao desenvolvimento e modernização e obstáculos burocráticos à manutenção da actividade para aqueles que pouco mais possuem do que vontade, alfaias e uma courela para amanhar. Mas cuja importância para o nosso bem-estar colectivo agora assumiu redobrado significado, insista-se.
João Ferreira é um profundo conhecedor desta realidade, pois dela nunca se desligou e, pelo contrário, em defesa dos pequenos produtores agrícolas muito e bem se bateu como deputado do PCP no Parlamento Europeu.
Fez assim questão de focar nesta campanha a centralidade da soberania nacional no domínio alimentar, para a qual é crucial apoiar e promover a agricultura, designadamente a familiar. Questões que encontram cobertura na Constituição da República Portuguesa e que não podem ser indiferentes ao exercício do mandato do Presidente da República.
Pouca terra, pouca terra
Da terra, João Ferreira seguiu numa viagem de comboio. Pouca-terra, pouca-terra, entre Oliveira de Azeméis e São João da Madeira. E se a onomatopeia diz pouco aos sanjoanenses, o mesmo já não se pode dizer do Vouguinha, como carinhosamente chamam ao comboio que por lá passa.
João Ferreira desceu numa estação que mais parece uma casa assombrada. Mas com desassombro denunciou que a requalificação da totalidade do troço até Espinho continua emperrada por falta de vontade política e que entre Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis os passageiros são mesmo forçados a fazer o percurso de táxi (!), sublinhou a importância de investir em infra-estruturas de transporte pesado, essenciais às populações e à vitalidade económica.
Como é o caso da Linha do Vouga e de tantos outras linhas e ramais, num País que já teve o dobro dos quilómetros de linha férrea, já produziu comboios, mas que sucessivos governos, com a cumplicidade de sucessivos presidentes da República, deixaram descarrilar para a degradação e o abandono.