O fim do da tarde desta quarta-feira foi dedicado por João Ferreira às mulheres trabalhadoras. Não foi a primeira vez na campanha, como fez questão de realçar e detalhar ao intervir no auditório do Museu da Chapelaria, em São João da Madeira. Fê-lo perante uma «bela moldura feminina», que ali não esteve «para enquadrar um candidato homem», mas porque «esta não é a candidatura de um homem só, mas de mulheres e homens em pé de igualdade», disse.
Depois dos testemunhos que denunciaram a violência doméstica como uma chaga, um quotidiano aviltante entre paredes que urge continuar a combater; a sobre-exploração das mulheres operárias e a sua sobre-exposição a doenças profissionais incapacitantes, devido aos ritmos cada vez mais intensos e aos turnos abusivos a que estão particularmente sujeitas; a falta de perspectiva e estabilidade laboral de jovens na hotelaria como na investigação científica, João Ferreira abordou as questões uma a uma. Dirigiu-se a todas as intervenientes pelo nome próprio e numa familiaridade com os problemas só ao alcance de quem os enfrenta, muito antes de se candidatar a Presidente da República.
E por isso referiu que a Constituição determina a não discriminação sob qualquer pretexto, incluindo o género, que o trabalho por turnos entre as mulheres se situa hoje nos 43 por cento, violando o princípio da conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar, que «a pobreza, os baixos salários e a precariedade têm rosto feminino», dada a sua prevalência entre as mulheres, nos vários sectores.
E frisou, também, que um Presidente da República não pode ficar alheio a tudo isto se levar a sério o juramento de defender, cumprir e fazer cumprir o texto fundamental do País, nem pode confinar «afectos» quando à porta de uma fábrica estão as trabalhadoras da Triumph, alvo de despedimento colectivo, ou a Cristina Tavares, ofendida nos seus direitos laborais.
João Ferreira esteve, pois, onde sempre tem estado: entre a classe que há muito jurou defender. No caso, eram maioritariamente mulheres.