Amanhã, dia 30 de setembro, terá lugar a Cimeira da ONU sobre Biodiversidade.
Espera-se que deste encontro resulte a definição de metas e objetivos no que toca a travar a perda global de biodiversidade, a par da definição dos meios, financeiros e outros, para atingir tais objetivos.
Importa ter presente que já no passado se falharam metas a este nível. A União Europeia fixou há cerca de uma década o objetivo de travar a perda de biodiversidade até 2020. O resultado foi - está a ser - um rotundo fracasso.
A par de outros problemas que com ela se relacionam - como a poluição e o seu impacto ao nível das alterações climáticas, a destruição e a fragmentação de habitats - a perda da biodiversidade constitui um dos mais graves problemas ambientais com a Humanidade se defronta.
A biodiversidade é essencial para a sobrevivência da humanidade, como garantia de fornecimento de alimentos nutritivos, água potável, medicamentos ou proteção contra catástrofes naturais. A redução drástica da biodiversidade elimina barreiras naturais ao surgimento e propagação de novas pragas, doenças, epidemias.
Há que assumir que as principais causas da destruição ambiental, que leva a perda de Biodiversidade, são inseparáveis da forma dominante de organização da economia e da sociedade.
No capitalismo, a prioridade ao lucro e as exigências de acumulação levam à depredação de recursos naturais, à poluição, ao desarranjo dos equilíbrios ecológicos, à perda de biodiversidade.
Para lá das boas intenções, é necessário questionar e transformar as bases económicas e sociais da degradação ambiental, para travarmos a perda de biodiversidade.
Entre outros aspetos, é necessário alterar as atuais políticas agrícolas e comerciais, indutoras de modelos de produção intensiva, de cariz exportador; travar a desregulação e liberalização do comércio internacional, que arrasa a pequena produção. São necessários modelos de consumo mais sustentáveis, que favoreçam a produção e consumo locais.
As grandes mudanças que se exigem em setores como a energia ou os transportes, requerem a recuperação do controlo público, democrático, sobre tais setores e sobre empresas estratégicas. De forma a conduzir processos que mudança num quadro de prevalência do interesse público e da salvaguarda do ambiente.
São necessários mais recursos diretamente dirigidos à conservação na Natureza e à recuperação de áreas naturais degradadas.
Precisamos, enfim, de medidas e mudanças concretas se o que queremos são resultados positivos também concretos, em vez de pias proclamações e da repetida constatação, cimeira após cimeira, do avanço da perda de biodiversidade.